quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Um pouco da história dos jogos FPS da década de 90.

Um Nerd que se preze não atém somente às nerdices tecnológicas atuais, ele se dá ao trabalho de ao menos saber um pouco sobre a história de seus “ancestrais”. E é em clima de nostalgia que postamos um material de autoria do nosso parceiro e leitor Paulo Ferrari (Paulão). Um material que vai permitir conhecer um pouco mais sobre os jogos de primeira pessoa da década de 90 sob a visão deste nerd vivido. hahaha


Segue:


Há uns 15 anos, ao contrário dos garotos da minha idade, não era muito fã de jogos eletrônicos. Nos videogames da época - Master System, Mega Drive e Super Nintendo - me divertia apenas com aqueles joguinhos simples, como o Sonic e o Mário. Quanto aos demais, eu passava longe: simplesmente, não me interessavam! Até que num belo dia (nem sei se o dia estava bonito, mas como todo mundo escreve assim), meu primo havia me deixado um recado para eu lhe visitar, pois ele tinha uma "bagaça" para me mostrar (desculpem-me os termos, mais veio assim na mente, "tipo" num "estalo").

Curioso, mas ocupado, resolvi visitá-lo no próximo final de semana para ver o que ele queria me mostrar. Na época, ele havia comprado um PC desktop, equipado com um processador 486 DX2-80 Mhz, 4 MB de RAM e 420 MB de "winchester" (não deu para resistir!). Interessante? Nem tanto; mas, um dos joguinhos que veio instalado realmente me chamou a atenção.
Esse jogo era "sinistro" (ops!): mostrava o desenho similar a um ambiente interior em 3D, com umas paredes, um monte de barris, uma porta metálica, uma série de itens no chão e uma espécie de "lago verde", o qual o meu primo havia me explicado que era um ácido. No canto inferior da tela, havia a ilustração de uma espécie de "canhão-metralhadora": parecida com um canhão e com a funcionalidade de uma metralhadora; mas, não era nenhum dos dois (ou a combinação dos dois). Foi aí então, que conheci Doom e a sua série...

Doom (1993)


Podíamos nos movimentar livremente pelo cenário, embora eu tivesse levado certo tempo para me acostumar aos comandos (dava uns passinhos para frente com 'up', mas ficava girando sobre o próprio eixo ao pressionar 'left' ou 'right'). Logo a seguir, o primeiro grande susto: do nada, saiu um monstrinho esquisitinho parecido com um capetinha, me atirando umas bolas de fogo. Instintivamente, pressionei a tecla 'ctrl' e enchi o "endemoniado" de chumbo (como diria o Nerso: "môrréu")! E de cara, fiquei fascinado pelo jogo.

Pela primeira vez em toda a minha vida, ficava horas e horas ligado, à frente do computador, algo muito raro de acontecer em qualquer circunstância da vida, visto que não tenho paciência para ficar por muito tempo fazendo exatamente a mesma coisa! E bons tempos eram aqueles, em que a nossa única responsabilidade era estudar! Nos anos seguintes, viria naturalmente a procurar um emprego e comprar o meu próprio PC, para poder curtir as maravilhas dos jogos FPS.
Não demorou muito e conheci os "primos" do Doom: Hexen e Heretic. Seguindo praticamente o mesmo estilo, mas com ambientes, temáticas, personagens e armas diferentes, me senti mais interessado neles do que no Doom, que por sua vez era a paixão do meu primo. A ambientação tenebrosa, aliada à excelente trilha sonora proporcionada pelo Heretic, me deixavam mais atento e curioso, me obrigando a se embrenhar por cada cantinho escuro e sinistro. E os tiros do arco-e-flecha e da magia eram mais emocionantes, pois podíamos acompanhar a trajetória dos projéteis até o inimigo!


Heretic (1994)


Hexen (1995)

Também por volta desta época, conheci mais outros jogos interessantes: ROTT e Duke Nukem. O primeiro, não me empolgou muito; mas, quanto ao segundo, com recursos visuais e qualidade gráfica melhor, não se passou por despercebido. Mas, seja por ironia ou questão de preferência, vim gostar mesmo é do Blood, o "primo" do Duke Nukem. Nem é preciso dizer que a ambientação mais aterradora é que me fez se interessar por ele!

Duke Nukem (1993)


Blood (1997)


Depois de ter adquirido meu próprio PC e passar um bom tempo curtindo meus FPS preferidos, eis que abre uma nova fase para a minha jogatina: Quake! Com gráficos 3D "de verdade" e a excelente imersão proporcionada pela sua engine, simplesmente me apaixonei pelo jogo! A possibilidade de poder olhar para cima e para baixo me tirou aquela sensação de estar com "torcicolo-sem-dor", se comparado aos demais jogos. Além do mais, Quake aliava o estilo e a jogabilidade dos jogos "like Doom" com a ambientação sombria proporcionada pelos jogos "like Heretic".

Quake (1996)

Devido aos pesados requisitos de hardware para a época, logo me senti impelido de fazer o upgrade em meu recém-adquirido PC. No ano seguinte, o 486 DX4-100 Mhz, com seus 8 MB de RAM e 1 GB de HD, foram substituídos por um Pentium-MMX 200 Mhz, 32 MB de RAM e 2.5 GB de HD, além de uma tal "placa aceleradora de vídeo" de 4 MB VRAM. Agora, eu poderia rodar o Quake em resoluções maiores, se bem que não havia como ultrapassar a resolução de 800x600, o limite imposto pelo meu humilde e modesto monitor CRT 14", fabricado pela Phillips.
Logo à seguir, foi lançada a "continuação" de Quake, o Quake II ( quase nada à ver com o original Quake). Confesso que fiquei um pouco desapontado com a ambientação deste título, pois esperava encontrar a mesma sensação de imersão proporcionada pelo Quake. Mesmo assim, gostei tanto do jogo quanto do seu "primo" Hexen II. Para dizer a verdade, gostei mais do Hexen II, especialmente devido ao seu esquema de fases não-linear, onde faz-se necessário alternar entre elas para completar os objetivos do jogo. Demorei um pouco para me adequar à este estilo de jogo, mas no final, acabei gostando muito!


Quake II (1997)

Hexen II, renderizado via software (1997)


Infelizmente, devido às limitações da minha placa aceleradora gráfica, não pude curtir estes jogos providos de aceleração via hardware. A sua GPU - uma Rendition Verite - não suportava o Glide e nem o OpenGL, tendo somente como opção, o Direc3D. A ironia é que o Quake II até suportava nativamente a minha placa, mas por algum motivo, não funcionava. Só vim saber o que é aceleração gráfica via hardware através de Tomb Raider (Gold Edition), que distribuía diferentes executáveis para suportar cada placa específica, onde a minha era uma delas. Quake II e Hexen II só foram rodados com aceleração gráfica num futuro não muito distante, depois de mais um novo upgrade e com uma aceleradora Voodoo 3000 em mãos.
No ano seguinte, chegou mais um jogo interessante, chamado Jedi Knight: Dark Forces II. Além de ser outro excelente FPS, este finalmente fez uso dos modestos recursos gráficos da minha placa aceleradora gráfica. Com uma engine gráfica bem trabalhada para a sua época, me deliciei com os seus cenários grandes e bem definidos. Embora este fosse um FPS clássico, poderíamos perfeitamente alternar a perspectiva do jogo para o modo em 3a. pessoa. Com um sabre de luz nas mãos e privilegiado por esta perspectiva, vocês não imaginam o estrago que fiz nos adversários...

Jedi Knight: Dark Forces II (1997)
Por fim, não poderia deixar de comentar sobre o Unreal. Na época (1999), ele era alardeado como o mais incrível FPS do momento, dotado de um visual gráfico excepcional e cenários gigantescos (em poucas palavras, Quake II ficava no chinelo!). O uso de recursos gráficos variados - como a profundidade de cor em 32 bits, a neblina no plano de fundo, as ricas texturas ornamentais e as superfícies mais realistas (aquele piso espelhado me deixou atônico) - tornavam a experiência muito mais agradável e interessante. Por um bom tempo, não me lembrei de que a série Quake e todos os seus derivados existiam!

Unreal (tela de introdução) (1998)
Como eu havia adquirido a versão Gold Edition, não só tinha à disponibilidade o Unreal e sua extensão Return to Napali, mas também o Unreal Tournament, voltado exclusivamente para o modo multiplayer. Como também nunca curti muito o modo multiplayer, me concentrava mais no modo single-player. Então, mesmo o Quake III sendo lançado posteriormente e competindo acirradamente com o Unreal Tournament (de tal maneira como os fã-boys de hoje se digladiam com a ATI e a nVidia), não tenho muito o que acrescentar. Mas que marcaram época, ah isso sim!

Quake III (1999)
Claro que depois deles, vieram outros FPS interessantes e mais sofisticados. Em destaque, uma série de novos FPS ambientados na 2a. Guerra Mundial (Return to castle of Wolfenstein), Medal of Honor e Call of Duty), a dobradinha Half-life & Conter Strike, os modernos Doom III e Quake 4, temos também o FarCry e o Crysis, entre muitos outros; surgiram novas plataformas de jogos, como o PlayStation 2, 3, Xbox 360 e Wii; novas e possantes placas aceleradoras de vídeo surgiram no mercado, com suas variadas possibilidades de uso e suporte a inúmeras tecnologias; os LCDs tomaram o lugar dos antigos CRTs, e por aí vai. Mas ainda assim, mesmo com todas as suas limitações, posso tranquilamente dizer: estes foram anos maravilhosos!
Se perguntarmos à geração atual o que eles acham dos jogos antigos, muitos irão torcer o nariz; mas para nós, que passamos da casa dos 25, daremos longos suspiros e dizer... “Bons Tempos!” &;-D

Por: Sir. Paulo Ferrari (Paulão)

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