Segue:
Há uns 15
anos, ao contrário dos garotos da minha idade, não era muito fã de jogos
eletrônicos. Nos videogames da época - Master System, Mega Drive e Super
Nintendo - me divertia apenas com aqueles joguinhos simples, como o Sonic e o
Mário. Quanto aos demais, eu passava longe: simplesmente, não me interessavam!
Até que num belo dia (nem sei se o dia estava bonito, mas como todo mundo
escreve assim), meu primo havia me deixado um recado para eu lhe visitar, pois
ele tinha uma "bagaça" para me mostrar (desculpem-me os termos, mais
veio assim na mente, "tipo" num "estalo").
Curioso, mas ocupado, resolvi visitá-lo no próximo final de semana para ver o que ele queria me mostrar. Na época, ele havia comprado um PC desktop, equipado com um processador 486 DX2-80 Mhz, 4 MB de RAM e 420 MB de "winchester" (não deu para resistir!). Interessante? Nem tanto; mas, um dos joguinhos que veio instalado realmente me chamou a atenção.
Curioso, mas ocupado, resolvi visitá-lo no próximo final de semana para ver o que ele queria me mostrar. Na época, ele havia comprado um PC desktop, equipado com um processador 486 DX2-80 Mhz, 4 MB de RAM e 420 MB de "winchester" (não deu para resistir!). Interessante? Nem tanto; mas, um dos joguinhos que veio instalado realmente me chamou a atenção.
Esse jogo
era "sinistro" (ops!): mostrava o desenho similar a um ambiente
interior em 3D, com umas paredes, um monte de barris, uma porta metálica, uma
série de itens no chão e uma espécie de "lago verde", o qual o meu
primo havia me explicado que era um ácido. No canto inferior da tela, havia a
ilustração de uma espécie de "canhão-metralhadora": parecida com um
canhão e com a funcionalidade de uma metralhadora; mas, não era nenhum dos dois
(ou a combinação dos dois). Foi aí então, que conheci Doom e a sua série...
Doom (1993)
Podíamos nos movimentar livremente pelo cenário, embora eu tivesse levado certo tempo para me acostumar aos comandos (dava uns passinhos para frente com 'up', mas ficava girando sobre o próprio eixo ao pressionar 'left' ou 'right'). Logo a seguir, o primeiro grande susto: do nada, saiu um monstrinho esquisitinho parecido com um capetinha, me atirando umas bolas de fogo. Instintivamente, pressionei a tecla 'ctrl' e enchi o "endemoniado" de chumbo (como diria o Nerso: "môrréu")! E de cara, fiquei fascinado pelo jogo.
Pela
primeira vez em toda a minha vida, ficava horas e horas ligado, à frente do
computador, algo muito raro de acontecer em qualquer circunstância da vida,
visto que não tenho paciência para ficar por muito tempo fazendo exatamente a
mesma coisa! E bons tempos eram aqueles, em que a nossa única responsabilidade
era estudar! Nos anos seguintes, viria naturalmente a procurar um emprego e
comprar o meu próprio PC, para poder curtir as maravilhas dos jogos FPS.
Não demorou muito e conheci os
"primos" do Doom: Hexen e Heretic. Seguindo praticamente o mesmo
estilo, mas com ambientes, temáticas, personagens e armas diferentes, me senti
mais interessado neles do que no Doom, que por sua vez era a paixão do meu
primo. A ambientação tenebrosa, aliada à excelente trilha sonora proporcionada
pelo Heretic, me deixavam mais atento e curioso, me obrigando a se embrenhar
por cada cantinho escuro e sinistro. E os tiros do arco-e-flecha e da magia
eram mais emocionantes, pois podíamos acompanhar a trajetória dos projéteis até
o inimigo!
Heretic (1994)
Hexen (1995)
Também
por volta desta época, conheci mais outros jogos interessantes: ROTT e Duke
Nukem. O primeiro, não me empolgou muito; mas, quanto ao segundo, com recursos
visuais e qualidade gráfica melhor, não se passou por despercebido. Mas, seja
por ironia ou questão de preferência, vim gostar mesmo é do Blood, o
"primo" do Duke Nukem. Nem é preciso dizer que a ambientação mais
aterradora é que me fez se interessar por ele!
Duke Nukem (1993)
Blood (1997)
Depois de
ter adquirido meu próprio PC e passar um bom tempo curtindo meus FPS
preferidos, eis que abre uma nova fase para a minha jogatina: Quake! Com
gráficos 3D "de verdade" e a excelente imersão proporcionada pela sua
engine, simplesmente me apaixonei pelo jogo! A possibilidade de poder olhar
para cima e para baixo me tirou aquela sensação de estar com
"torcicolo-sem-dor", se comparado aos demais jogos. Além do mais,
Quake aliava o estilo e a jogabilidade dos jogos "like Doom" com a
ambientação sombria proporcionada pelos jogos "like Heretic".
Quake (1996)
Devido
aos pesados requisitos de hardware para a época, logo me senti impelido de
fazer o upgrade em meu recém-adquirido PC. No ano seguinte, o 486 DX4-100 Mhz,
com seus 8 MB de RAM e 1 GB de HD, foram substituídos por um Pentium-MMX 200
Mhz, 32 MB de RAM e 2.5 GB de HD, além de uma tal "placa aceleradora de
vídeo" de 4 MB VRAM. Agora, eu poderia rodar o Quake em resoluções
maiores, se bem que não havia como ultrapassar a resolução de 800x600, o limite
imposto pelo meu humilde e modesto monitor CRT 14", fabricado pela
Phillips.
Logo à seguir, foi lançada a
"continuação" de Quake, o Quake II ( quase nada à ver com o original
Quake). Confesso que fiquei um pouco desapontado com a ambientação deste
título, pois esperava encontrar a mesma sensação de imersão proporcionada pelo
Quake. Mesmo assim, gostei tanto do jogo quanto do seu "primo" Hexen
II. Para dizer a verdade, gostei mais do Hexen II, especialmente devido ao seu
esquema de fases não-linear, onde faz-se necessário alternar entre elas para
completar os objetivos do jogo. Demorei um pouco para me adequar à este estilo
de jogo, mas no final, acabei gostando muito!
Quake II (1997)
Hexen
II, renderizado via software (1997)
Infelizmente,
devido às limitações da minha placa aceleradora gráfica, não pude curtir estes
jogos providos de aceleração via hardware. A sua GPU - uma Rendition Verite -
não suportava o Glide e nem o OpenGL, tendo somente como opção, o Direc3D. A
ironia é que o Quake II até suportava nativamente a minha placa, mas por algum
motivo, não funcionava. Só vim saber o que é aceleração gráfica via hardware
através de Tomb Raider (Gold Edition), que distribuía diferentes executáveis
para suportar cada placa específica, onde a minha era uma delas. Quake II e
Hexen II só foram rodados com aceleração gráfica num futuro não muito distante,
depois de mais um novo upgrade e com uma aceleradora Voodoo 3000 em mãos.
No ano
seguinte, chegou mais um jogo interessante, chamado Jedi Knight: Dark Forces
II. Além de ser outro excelente FPS, este finalmente fez uso dos modestos
recursos gráficos da minha placa aceleradora gráfica. Com uma engine gráfica
bem trabalhada para a sua época, me deliciei com os seus cenários grandes e bem
definidos. Embora este fosse um FPS clássico, poderíamos perfeitamente alternar
a perspectiva do jogo para o modo em 3a. pessoa. Com um sabre de luz nas mãos e
privilegiado por esta perspectiva, vocês não imaginam o estrago que fiz nos
adversários...
Jedi Knight: Dark Forces II (1997)
Por fim,
não poderia deixar de comentar sobre o Unreal. Na época (1999), ele era
alardeado como o mais incrível FPS do momento, dotado de um visual gráfico
excepcional e cenários gigantescos (em poucas palavras, Quake II ficava no
chinelo!). O uso de recursos gráficos variados - como a profundidade de cor em
32 bits, a neblina no plano de fundo, as ricas texturas ornamentais e as
superfícies mais realistas (aquele piso espelhado me deixou atônico) - tornavam
a experiência muito mais agradável e interessante. Por um bom tempo, não me
lembrei de que a série Quake e todos os seus derivados existiam!
Unreal
(tela de introdução) (1998)
Como eu
havia adquirido a versão Gold Edition, não só tinha à disponibilidade o Unreal
e sua extensão Return to Napali, mas também o Unreal Tournament, voltado
exclusivamente para o modo multiplayer. Como também nunca curti muito o modo
multiplayer, me concentrava mais no modo single-player. Então, mesmo o Quake
III sendo lançado posteriormente e competindo acirradamente com o Unreal
Tournament (de tal maneira como os fã-boys de hoje se digladiam com a ATI e a
nVidia), não tenho muito o que acrescentar. Mas que marcaram época, ah isso
sim!
Quake III (1999)
Claro que depois deles, vieram
outros FPS interessantes e mais sofisticados. Em destaque, uma série de novos
FPS ambientados na 2a. Guerra Mundial (Return to castle of Wolfenstein), Medal
of Honor e Call of Duty), a dobradinha Half-life & Conter Strike, os
modernos Doom III e Quake 4, temos também o FarCry e o Crysis, entre muitos
outros; surgiram novas plataformas de jogos, como o PlayStation 2, 3, Xbox 360
e Wii; novas e possantes placas aceleradoras de vídeo surgiram no mercado, com
suas variadas possibilidades de uso e suporte a inúmeras tecnologias; os LCDs
tomaram o lugar dos antigos CRTs, e por aí vai. Mas ainda assim, mesmo com
todas as suas limitações, posso tranquilamente dizer: estes foram anos maravilhosos!
Se perguntarmos à geração atual o
que eles acham dos jogos antigos, muitos irão torcer o nariz; mas para nós, que
passamos da casa dos 25, daremos longos suspiros e dizer... “Bons Tempos!”
&;-D
Por: Sir. Paulo Ferrari (Paulão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário